O ICE investiu em 16 startups entre 2017 e 2018. Agora, observa os resultados das empresas inovadoras
Uma startup é uma empresa que surge a partir de uma ideia diferente e inovadora. Normalmente, não há nada igual no mercado e ela vai dar o start naquela área. Como se trata de uma novidade, os riscos são mais altos e o investimento de curto prazo é menor.
O termo surgiu no Vale do Silício e, por isso, chegou-se à conclusão de que aplicar em startups era fazer um investimento em empresas de tecnologia. No entanto, outras áreas também possuem negócios inovadores e estão em busca de investidores. Assim, há o surgimento de, por exemplo, startup com parceria com banco para unir forças e oferecer soluções inovadoras.
São três as principais características desse modelo de empresa: baixo custo de manutenção, crescimento rápido e base inovadora. Algumas definições também incluem a ideia de trabalhar com incertezas, exatamente por constituir um setor que não existia antes.
Startups de impacto socioambiental
As startups de impacto socioambiental são aquelas que têm como missão a transformação social e ambiental de forma positiva. Ou seja, elas geram renda e, ao mesmo tempo, focam na sustentabilidade.
O investimento nesse modelo cresceu bastante exatamente por ter esse impacto positivo. Quem aplica seu dinheiro quer ver o retorno, mas se preocupa com todo o processo de produção: como a empresa trabalha e o que faz para se manter competitiva.
Por que investir nas startups de impacto socioambiental
O Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), em parceria com o Banco Interamericano de Investimentos (BID), tem um programa próprio para investimento nas startups de impacto socioambiental, iniciado em 2017 após a doação de US$ 1 milhão do BID para o ICE.
Entre 2017 e 2018 foram investidos R$ 2,8 milhões em 16 empresas de setores variados. Como esse modelo de negócios é considerado de risco, com chances de não ir para a frente e encerrar suas atividades, o valor investido é muito positivo.
Beto Scretas, consultor sênior do ICE, pronunciou-se em entrevista à Folha de S. Paulo. Segundo ele, das 16 startups que receberam o investimento, cerca de 12 a 14 continuam vivas e seguirão com seus negócios. Ele afirma: “perto de 80% do valor emprestado vai voltar, o que é uma vitória porque metade das startups morrem depois do terceiro ano de vida”.
Cada uma das empresas selecionadas recebeu, em média, R$ 150 a R$ 200 mil para iniciar suas atividades e se manter. Elas também tinham carência de 2 anos e até 5 anos para pagar o empréstimo, com juros Selic de taxa cumulativa de 2%.
Das 16 startups selecionadas, 6 já pagaram completamente a dívida, 6 ainda estão pagando; mas, em dia, 3 renegociaram e 1 não pagou. Por isso a previsão do consultor sênior do ICE de que, de todas as empresas, 12 a 14 vão conseguir sobreviver no mercado.
Retorno permite investir em outras startups
O carimbo do BID e do ICE atestando as empresas como de impacto socioambiental foi essencial para impulsionar os negócios. Além disso, segundo Ralf Toenjes, CEO da VerBem, focada em oftalmologia, o investimento foi apenas uma das etapas. O que realmente os ajudou a se manter no mercado foram as monitorias, conversas e a rede de apoio sempre a postos.
Scretas ainda afirma: “fomos construindo teses de impacto junto com os empreendedores, que assumiram o compromisso de mensurar indicadores e conseguiram levantar outros recursos com investidores profissionais”.
O retorno do investimento também permitiu ajudar outras startups. As primeiras empresas ajudadas começaram a pagar suas dívidas, buscar outros investidores e caminhar com as próprias pernas. Com isso, o dinheiro voltou ao caixa do ICE, que pode atender a outras 21 empresas.
A previsão para os próximos cinco anos é de o ICE investir R$ 2,4 milhões em startups de impacto social. De acordo com Beto, a urgência climática e a pandemia influenciaram os empreendedores e, por isso, o foco socioambiental está tão em alta.